Escrito por A. A. Oliveira - 11/2023
Refletindo sobre a IMAGINAÇÃO
Imagine você fazendo um passeio, uma trilha, uma viagem... quando se depara com uma lâmpada mágica. Você a pega e todos falam: “Use”. Você entusiasmado e tremendo esfrega, esfrega e esfrega. “Zzzzzz”. Sai um ser inexplicável que lhe pergunta imediatamente: “O que deseja, senhor?”.
Agora, você é o senhor e tudo está na palma das suas mãos. Riquezas? Prazeres? Sucesso profissional internacional? Não há nada que o Gênio da lâmpada não possa lhe dar. Antes de você fazer o primeiro pedido, o Gênio pede licença e diz: “Senhor, pela lei, preciso avisá-lo sobre as regras. Você tem três pedidos e poderá ter os reinos desta terra. Contudo, para cada pedido feito, eu tirarei algo das suas entranhas”. Você se assusta e pergunta: “O que é? Minha vida?” ele responde: “Não, será algo fútil que você nem notará”. Você dá de ombros e pensa apenas em ser servido, dar ordens, viver em um palácio e ser alguém muito importante.
Se nós observarmos a direção que a Inteligência Artificial (IA) está levando a humanidade, é semelhante a um gênio da lâmpada diante de um ser humano babando nas facilidades que terá. Hoje, muitos, que não escrevem, dizem ao público deles para usar o ChatGPT para criar histórias, uma redação, dar ideias de projetos, e até mesmo um sermão. Sim, isso é para deixar qualquer ser pensante inconformado. Hoje, existem facilidades para quem estuda não precisar mais estudar; para quem escreve, não precisar mais escrever; para quem projeta, não precisar mais projetar etc. Sim, esse desastre está ao alcance de qualquer ser humano racional para deixá-lo irracional. Não precisamos mais pensar, analisar, pesquisar, projetar. Já tem um “Gênio” para fazer tudo isso por nós — muitos estão dizendo isso por aí. Sim, isso...
Vou parar com o “Sim”, porque ficaria em um loop até o final da reflexão.
Os seres humanos, que era para serem seres pensantes, não querem mais pensar, porém querem ter sucesso com extrema facilidade e rapidez. Por esse motivo, muitas pessoas caem em golpes, porquanto buscam riquezas e prazeres para ontem.
Quando vamos para a Bíblia, notamos que Jesus falou o primeiro mandamento: “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento” (Marcos 12:30 — ACF).
Você já deve ter lido ótimos livros ou ouvido excelentes sermões sobre esse texto, mas quero deixar uma visão em nossas mentes: Deus quer todo o nosso coração, toda a nossa alma, todo o nosso esforço e todo o nosso entendimento para a sua Glória. Dentro desse “todo” há três pedras preciosas que temos e foi Deus quem nos deu: Imaginação, Criatividade e aptidão para obter Informação. Contudo, vou só refletir na Imaginação (fiz uma alegoria sobre elas que está no meu livro “Resumo para escrever ficção”).
Deus nos deu imaginação, isso está em nosso DNA. Em Gênesis, Deus formou o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida, e o homem foi feito alma vivente (Gênesis 2:7). Agora, o homem vai ficar na rede bebendo água de coco no Jardim do Éden? Não! Deus chamou o homem e trouxe cada animal para ele ver como lhes chamaria. (Gênesis 2:19)
Deus quis que o homem, Adão, usasse a sua imaginação. Para nós, é fácil olhar um animal e falar o seu nome, pois já sabemos. Mas vamos imaginar um pouco Adão olhando e pensando: “Deixe-me imaginar qual será o nome do seu grupo, rapazinho (obs.: esse rapazinho foi um leão que estava sendo acariciado por Adão)”.
A cada dia, Adão foi obtendo mais informações sobre o Criador, as árvores, as plantas, os animais e sobre a amada mulher dele (há vários pontos importantes que deixei de fora para essa reflexão não ficar enorme, por exemplo, a formação da mulher). Ela, da mesma forma, foi adquirindo informações para viver e adorar ao seu Criador em obediência. Eles tinham imaginação, criatividade e aptidão para adquirir informação. Eles eram um, sendo um casal com um propósito. “Toda a imaginação dos pensamentos de seus corações era só boa continuamente”. (Escrevi o sentido oposto de Gênesis 6:5).
Tudo era muito bom e essa é a opinião do próprio Criador, Deus.
“E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto.” (Gênesis 1:31 — ACF)
O tempo passou, Adão e Eva (ainda chamada só de mulher, pois ela só vai ser chamada de Eva depois da desobediência) estavam aprendendo dia após dia. Até que em uma audaz oportunidade, a astuta serpente destacou a árvore do conhecimento do bem e do mal e aguçou a imaginação de Eva para ela comer, para isso ocorrer teve que formar um processo imaginativo crescente na mente dela.
A serpente precisou levar a mulher a visualizar a árvore, pois o assunto que Satanás, a antiga serpente, destacou foi o que Deus disse “Não”. E a mulher, olhando para a árvore, iniciou os estágios da tentação na imaginação dela.
Primeiro estágio — bom: por tudo o que a mulher já tinha aprendido no jardim e com informação adquirida, ela foi norteada com pensamentos de que aquela árvore era boa para se comer. Não falou fruto, mas árvore. Ela observou cada detalhe daquela árvore. Enquanto avaliava, talvez estivesse alisando os belos cabelos e vendo as folhas verdes, brilhantes, balançarem pelo frescor do dia, notou o caule aconchegante, pode ter visto as ondulações que as raízes faziam na grama, ergueu a cabeça e viu as flores; finalmente seus olhos caíram no fruto. A imaginação da mulher chegou pertinho daquele fruto e até pode ter sussurrado: “Que árvore! Que fruto!”. Fico pensando na serpente olhando para a mulher e notando as pupilas dela aumentarem, seus lábios ficarem úmidos e a respiração ficar diferente, ofegante.
Segundo estágio — agradável: nessa parte, enquanto alisava o cabelo, a imaginação dela arrancou um fruto. Semelhante a uma bola de cristal para ver o futuro, aquele fruto estava nas mãos da imaginação da mulher, Eva, tentando perscrutar como seria ser igual a Deus.
Terceiro estágio — desejável: a imaginação dela levou o fruto à boca e saboreou. Pois é, ela desobedeceu primeiramente dentro de si, ou seja, nos pensamentos.
A lei jamais chegará ao profundo da imaginação para eliminar o pecado, porém, a graça teve a condição de consumir esse pecado, assim como Jesus disse na cruz: “ Está consumado”. (João 19:30b — ACF)
A imaginação tem o sentido de pensar, planejar, inventar, conter um desígnio...
Jesus explica esse processo inicial do pecado: “Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela”. (Mateus 5:28 — ACF)
Jesus foi no embrião do pecado, no início da formação do pecado. Por isso, João Batista disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. (João 1:29b — ACF)
Então, vamos lá, no momento que estou arquitetando uma mentira, acabei de mentir. No momento que estou cobiçando uma mulher, acabei de fornicar ou adulterar etc. Percebo que Jesus veio para esclarecer o que ocorreu no Éden e somente ele tem a graça para tirar pela raiz o pecado. A graça de Jesus elimina esse processo inicial do pecado, capacitando-nos a viver uma vida boa, perfeita e agradável a Deus.
Devemos saber que mesmo aquela pessoa que entregou a vida a Jesus Cristo cometerá falhas e pecados, mas o processo natural do pecado não tem mais eficácia em sua vida, por essa razão não vivemos mais na prática do pecado.
Veio uma história na minha cabeça. Isso acontece todas as vezes que estudo ou penso em algum assunto.
A Imaginação da formiguinha displicente
Em uma floresta, havia vários animais, inofensivos e perigosos. Entretanto, um grupo de formigas se destacou pela união e pela destreza. Foi aí que prestei mais atenção, pois várias saíram do formigueiro. Uma formiga, deveria ser a chefe, fez um sinal de atenção e gritou:
— Irmandade, fui avisada que logo à frente tem um grande pedaço de alimento. Iremos uma atrás da outra, não saiam do caminho, pois neste ambiente, há muitos seres humanos fazendo trilhas. Portanto, sigam-me e logo estaremos de volta com nosso alimento.
Todas fizeram o grito de guerra e foram uma atrás da outra. Fiquei observando de cima aquelas formiguinhas, era uma linha de formigas indo para o seu alvo. Contudo, percebi que uma parou, formando um pequeno espaço entre elas, e as detrás a empurraram. Prestei mais atenção naquela formiguinha, notei que ela estava pensando: “Se tem alimento lá, deve ter mais alimento por perto”. As outras a empurraram mais forte e ela teve que prosseguir. Até que ela viu um caminho à esquerda dela. “E se nesse caminho eu encontrar alimento? Todos vão me dar parabéns e o diretor me promoverá”. Ela imaginou o alimento, era um quadradinho de chocolate com pedaços de amendoim. Ela amava esse tipo de chocolate. Começou até a sentir o cheiro do chocolate. “Acredito que nesse caminho tem um quadradinho de chocolate com pedaços de amendoim”.
— Ei, aonde está indo?
— Por este caminho chegarei num delicioso chocolate com pedaços de amendoim.
— Quem falou isso pra você?
— Eu sei que tem e se quiserem, vocês podem me seguir.
— Não, a chefe falou para a gente não sair do caminho.
— Então, tchau.
Eu vi que ela seguiu sozinha, pulando e vibrando para encontrar o seu chocolate com pedaços de amendoim. Imaginou voltando e falando com o diretor sobre o caminho para chegar ao chocolate com pedaços de amendoim. “Serei promovida, com certeza. E ainda comerei um pedaço daquele delicioso chocolate com pedaços de amendoim”. Ela foi com passos firmes e de repente, uma bota de trilha a esmagou.
Essa história retrata as nossas vidas. Contudo, no momento que a bota do trilheiro estava vindo em nossa direção, Jesus Cristo se esvaziou de sua glória, fez-se servo e tomou o nosso lugar para ser esmagado.
“Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados.” (Isaías 53:5 — NVI)
Estou com vários versículos na cabeça para analisar sobre a imaginação, mas essa reflexão ficou extensa. Vou deixar o que Jesus falou:
“Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, Os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem.” (Marcos 7:21-23 — ACF)
Lembrei-me agora de Provérbios 4:23 — “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.”