Escrito por A. A. Oliveira - 16/09/2024

O Desafio

O título da primeira lição do livro Homens Fortes em tempos difíceis, chamou-me a atenção e pensei em uma competição. Imaginemos que acontecerá um torneio de natação daqui a um mês. Acessamos o cadastro para conhecer os outros competidores, mas temos uma surpresa: são crianças de cinco anos que vão nadar. Pensamos que tem algo de errado e vamos informar isso aos organizadores, porém eles informam que está tudo certo. De fato, vamos participar com crianças de cinco anos. Embora não sejamos nadadores profissionais, fazemos natação há dez anos. Em nossos corações, surge aquele pensamento: “isso é covardia”. Sejamos sinceros, não será um desafio. Não precisaremos treinar os tiros, técnicas de braçadas, melhorar a respiração, virada etc.

Agora a cena muda, e vamos participar de outro campeonato. Nós sabemos que terão uns bons nadadores, mas ainda não sabemos quem serão. Acessamos o cadastro e quase caímos da cadeira: Michael Phelps, Tiago Pereira e outros que não conseguimos enxergar pela tontura que tivemos na hora que olhamos o cadastro. As pernas tremem, a respiração trava, sentimos o coração acelerado no peito e surge aquele pensamento de um modo diferente: “o que eu faço?”

O Desafio é aquilo que nos faz superar algo... um medo, uma doença, manter os valores cristãos em nossa época, ser irrepreensível, enfrentar um gigante Golias.

Nesta reflexão teremos Saul, Golias e o adolescente Davi. Isso mesmo, aquele menino do campo que tocava arpa e cuidava das ovelhas de seu pai Jessé.

Davi começou a cuidar das ovelhas de seu pai ainda em sua tenra idade. Pela sua idade e tamanho, não seria escolhido para ser do exército do rei Saul. Acharíamos que ele só tocava arpa (ele tocava muito bem — 1 Sm 16.17,18 ) e cuidava das ovelhas de seu pai Jessé; nada demais em comparação aos seus três irmãos que estavam no exército do rei Saul. Todavia, o adolescente Davi enfrentava muitos desafios. Ele não era qualquer pastor, mas o pastor das ovelhas de seu pai Jessé. Seu pensamento poderia ser: “Ninguém toca nas ovelhas do meu pai”.

Deus contemplou Davi no campo e disse ao profeta Samuel para ir à casa de Jessé para ungir o futuro rei de Israel. O ponto crucial está aqui “ungir”. Temos que ler este versículo:

Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e voltou a Ramá. (1 Samuel 16.13 — ACF)

Depois disso, ele estava caminhando entre as ovelhas e apareceu um urso enorme, pronto para devorar uma ovelha. Podemos dizer que foi um enorme desafio que apareceu diante de Davi, mas ele correu rapidamente para frente do urso e com a sua funda o fez cair, pulou em cima dele, agarrando seus pelos, e matou aquele urso enorme. Davi pegou a sua arpa e cantou: “O Senhor é meu pastor e nada me faltará” (Salmos 23.1). Não faltou coragem para ele enfrentar aquele desafio, seu espírito estava sendo treinado para superar seus desafios maiores que surgiriam em fase adulta.

Outro dia, na tranquilidade da tarde, apareceu um leão rugindo. A juba desse leão era enorme, algo assustador. E o que falar dos seus dentes pontiagudos? O rugido dele estremecia os ossos de quem estava por perto, mas o pequeno homem pulou e ficou na frente das ovelhas: “Você terá que passar por mim, leão de juba enorme” — O adolescente Davi poderia ter falado. Quando o leão pensou em atacá-lo, uma pedra saiu da funda e fez o leão se esborrachar no chão, levantando assustado. Davi agarrou a juba do leão, tirou sua lâmina que estava na cintura e o matou. Ele cantou: “A Ti, Senhor, levanto a minha alma.” (Salmos 25.1)

Ele era obediente ao seu pai Jessé, por isso ouviu a instrução para levar pão aos seus irmãos e trazer notícia de como eles estavam. Ele foi, porém viu e ouviu um gigante blasfemar contra o Deus de Israel. Davi amava o Senhor Deus, ele tinha a comunhão diária com seu Deus e não suportou ouvir aquilo. “Quem é, pois, este incircunciso filisteu, para afrontar os exércitos do Deus vivo?” (1 Samuel 17.26b)

Isso queria dizer: Quem é esse blasfemador, que nem aliança com o nosso Deus ele tem, para falar assim?

Davi quis lutar contra o gigante, assim que souberam, levaram-no ao rei Saul. O diálogo entre o rei e Davi é um evento para investigarmos cada palavra pronunciada entre os dois.

Davi disse ao rei Saul: “Não desfaleça o coração de ninguém por causa dele; teu servo irá, e pelejará contra este filisteu.” (1 Samuel 17.32)

O rei Saul ouviu de um adolescente para não ficar com o coração prostrado, sem ação, sem saber o que fazer... e o sentindo de pelejar é como se quisesse dizer que ia estrangular o gigante, acabaria com ele do mesmo modo que fez com o leão e o urso.

Enquanto Davi falava essas palavras, podemos imaginar o que o rei Saul estava pensando: “O que ele está falando? Nem pode fazer parte do exército por ser tão mancebo. O que falar daquele gigante? Luta desde quando ainda era muito jovem. Não tem cabimento o que ele está falando. Vou encerrar logo com isso, pois não tenho tempo para ouvir essas coisas.”

Observe o que o rei Saul disse: “Contra este filisteu não poderás ir para pelejar com ele; pois tu ainda és moço, e ele homem de guerra desde a sua mocidade”. Ele disse o que estava pensando e a sua conclusão diante das palavras de Davi.

­Temos que ler o diálogo completo de 1 Samuel 17:32-37. Vou usar a versão A Mensagem.

Davi disse.

— Senhor, não perca a esperança. Estou pronto para enfrentar esse filisteu.

Saul respondeu a Davi.

Você não tem condições de lutar contra esse filisteu: é muito jovem e inexperiente. O filisteu tem mais tempo nas guerras que você de vida.

Davi retrucou.

Sou pastor e cuido das ovelhas do meu pai. Quando um leão ou urso atacava um cordeiro do rebanho, eu saía atrás, matava-o e resgatava o cordeiro. Se o animal quisesse me atacar, eu o agarrava, torcia seu pescoço e o matava. Leão ou urso, qualquer um deles eu matava. Por isso, farei a mesma coisa com esse filisteu incircunciso que está afrontando o exército do Deus vivo. O Eterno que me livrou das garras do leão e das garras do urso também me livrará das mãos desse filisteu.

Saul concordou.

Tudo bem, pode ir. Que o Eterno ajude você!

As palavras de Davi foram tão contagiantes de fé que fez o rei Saul concordar. Parece até que Saul também tinha fé em Deus quando ele disse “Vai e o Senhor seja contigo”.

Porém, fica claro que não tinha fé, pois logo após o diálogo, ele quis colocar uma armadura em Davi. Isso mostra que Saul olhava para sua força, seus recursos, seu exército, mas não olhava para o Senhor.

A grande diferença entre Davi e todos do exército era o que ele disse em 1 Samuel 17:45.

Davi, porém, disse ao filisteu: Tu vens a mim, com espada, e com lança, e com escudo; porém eu venho a ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado.

Saul e seu exército olhavam para baixo, mas Davi olhava para cima. E ainda disse para o gigante que ele estava afrontando o Senhor que era infinitamente maior do que ele. Poderíamos parafrasear: “Golias, você entrou em uma furada.”

Todos os desafios da vida devem nos fazer olhar para cima e contemplar a glória de Deus.

Levanto os olhos para os montes: será que é de lá que vem a minha força? Não, minha força vem do Eterno, que fez o céu, a terra e as montanhas. (Salmos 121:1-2 — A Mensagem)